A gatinha que comoveu internautas e chocou defensores de animais ao ser abandonada na chuva, dentro de uma caixa de sapato, em Bauru, teve sua segunda chance quando foi acolhida por pessoas que cuidaram e trataram dela, como os integrantes da União Internacional de Proteção aos Animais (Uipa), em conjunto com a ONG Mountarat de Bauru, que formam a “Bem-Estar Animal”, a veterinária Deborah de Almeida e Ana Célia, que cuidou da recuperação dela.
Com a repercussão nas redes sociais, não foi difícil para Amora, como foi batizada, encontrar quem a adotasse. Apesar de ainda estar em fase de recuperação devido à pneumonia que contraiu, ela não está abatida e será entregue à sua nova tutora no próximo domingo. A ONG informou que, com o caso de Amora, aumentaram as doações de seus animais.
A parte sombria da história é que a mulher que abandonou Amora está recebendo diversas ameaças nas redes sociais de pessoas que se comoveram com o caso. Quando desceu do carro e colocou a caixa em frente à porta de uma residência, ela não sabia que estava sendo filmada por uma câmera de segurança. Em pouco tempo, a cena já estava estampada nos compartilhamentos da web.
O filho da mulher, que teve a idade preservada, comunicou à ONG que o gato entrou no motor do carro de sua mãe, foi retirado e, como ela não podia cuidar do animalzinho, o deixou naquela residência. Ainda segundo ele, a mãe conheceria os donos do local e “sabia que cuidariam” da gatinha. Os responsáveis pela ONG afirmaram que irão registrar boletim de ocorrência (BO) sobre o caso.
A solidariedade e a compaixão, que surgiram com o desejo de ajudar o filhote indefeso, foram deixadas de lado e substituídas pelo desejo de vingança e punição em alguns comentários nas redes sociais.
A ação, considerada cruel, foi retribuída com mais crueldade. Não é repudiando o outro que se consegue uma mudança. A melhor maneira de modificar comportamentos e atitudes é através do exemplo.
Amora foi abandonada, recolhida, tratada e, agora, ela já pode deixar o que passou para trás e aproveitar seu recomeço.
Se a gatinha tivesse ficado presa no motor, se ninguém a tivesse encontrado e se não fosse colocada na frente daquela casa, seu futuro poderia ser totalmente diferente. Fica evidente que a pessoa que colocou o filhote para alguém recolher procurou transferir uma responsabilidade, porém compreende-se que ela não quis produzir maus-tratos ao animal, mas fez isso de uma forma equivocada.
Não é a primeira vez que a nova tutora de Amora, Cleuza Floriano, salva um animal. Neguinho, um cachorro abandonado em uma construção em julho do ano passado, em Bauru, também foi adotado por ela.